Com cerca de 50 mil habitantes, as técnicas de perfumaria da cidade de Grasse, na Cotê d`Azur, foram declaradas pela UNESCO Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Situada a 300 metros de altitude, a umidade do Mediterrâneo e o solo rico em ferro, cobre e zinco propiciam o ambiente ideal para o cultivo das “fleurs d`exception”.

Tudo começou em meados do século XVI, quando Catarina de Médici, nobre italiana que havia se casado com o rei da França Francisco I, grande apreciadora dos perfumes, descobriu a cidade, que até então era famosa por seus curtumes. O couro, usado para a fabricação de luvas, era tratado e perfumado com essências naturais da região, todo o processo era feito para poupar os narizes reais do desagradável cheiro do couro.

O perfumista Gallimard teria sido o primeiro a confeccionar um par de luvas perfumadas e presentea-las à rainha Catarina de Médici. Aquele presente, anos mais tarde, resultou no surgimento da profissão luveiro perfumista, reconhecida por Luís XIV, o Rei Sol.

No século XVII a produção artesanal de perfumes contava com três casas principais; Gallimard, Molinard e Fragonard. Naquela época, Grasse era conhecida por seus curtumes e fábricas de luvas perfumadas, mas depois ficou famosa, e ganhou o título de cidade dos perfumes.

A gravura “Traje de perfumista" atribuída a Gerrit Valck de 1697, faz parte de uma série de gravuras dedicadas à atividade do comércio de perfumes na cidade, nela o perfumista é retratado com um instrumento para destilar perfumes no lugar do chapéu, e sua roupa está coberta com os produtos ele produzidos: leques perfumados, couro tratado e perfumado, ceras, barras de sabão, águas perfumadas, água dos anjos e óleos essenciais de todos os tipos.

O Museu Internacional do Perfume de Grasse mantém um rico acervo que narra a história do local. As plantações de flores, que durante séculos, utilizam as mesmas técnicas e tradições ancestrais de plantio e colheita, o abastecem os laboratórios das mais famosas e prestigiadas casas de perfumes.